quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Rede de Comunidades Autogestionárias – viagem a Bagé


Entre os dias 20 e 24 de agosto uma delegação do projeto Rede de Comunidades autogestionárias, acompanhada de um integrante do Bloco de Lutas pelo Transporte Público, esteve em Bagé a convite da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA). Dentro de um ciclo de estudos sobre o Anarquismo proposto pela Professora Maria Eloá Gehlen, a delegação apresentou o projeto para aproximadamente 250 estudantes de diversos cursos. 

Com um frio de lascar e a vontade de apresentarmos um projeto de uma nova cidadania, estivemos em Bagé, na UNIPAMPA, entre 20 e 24 de agosto de 2013. Tomando como contexto a experiência do Assentamento Urbano Utopia e Luta, apresentamos o projeto “Rede de comunidades autogestonárias", na qual a moradia, o trabalho, o dia a dia, rompe com os mecanismos de exploração. O bloco de lutas pelo transporte público se fez presente narrando e avaliando as manifestações de rua que mobilizaram o país.


Um sotaque mais forte e as mesmas urgências. Assim, em Bagé, pudemos conhecer jovens com as mesmas angustias que encontramos na capital: desemprego, falta de moradia, opções culturais raras, racionamento de água, uma barragem que não consegue sair do papel há vinte anos e um movimento sendo criado sobre essa demanda.



Em atividade com os estudantes, primeiro declaramos que a rede está fundamentada a partir de práticas libertarias, compondo uma diversidade de orientações políticas e de pessoas que incluem diferentes interpretações ideológicas. Afirmou-se que o objetivo da rede, fundamentado em propostas concretas, é atender às necessidades básicas dos coletivos cooperativados em torno do trabalho, utilizar recursos públicos e devolvê-los à sociedade em forma de organização social, valendo-se de territórios coletivos como base produtiva de novas relações sociais, críticas ao capitalismo.

No dia 21, terça, pela manhã, visitamos o quilombo de Palmas, a 80 Km de Bagé, onde falamos com uma liderança, conhecemos seus projetos e falamos sobre a rede. Identificamos algumas possíveis conexões da comunidade com outros locais a partir do trabalho que vêm desenvolvendo.


Logo após, almoçamos com o secretário de habitação do município, Antônio Augusto Nadal, e com o representante da Economia Solidária, André Mombach (que falou sobre o Complexo de Empreendimentos KM 21), para os quais expusemos o projeto da rede e alguns pontos de afinidade. Depois, visitamos as instalações do complexo, onde conversamos sobre a política de economia solidária no município. Na ocasião, os representantes do complexo e a prefeitura expuseram as ações de formação e como planejam os próximos passos.


À noite compareceram à UNIAMPA estudantes de diversos campi (Bagé e Dom Pedrito, entre outros) para o segundo debate. A noite foi aberta com uma capela de Nanci Araújo com a música “canto das três raças" de Paulo César Pinheiro. Segundo Nanci, “o pensar que podemos deu a animação no cantar”. A Rede e o Bloco foram apresentados para aproximadamente 110 estudantes, o maior público já registrado no auditório da universidade.


Nos dias seguintes, as atividades estiveram concentradas em debates com estudantes de varias cidades do Brasil. A partir do referencial Assentamento Utopia e Luta, sua ocupação, os desafios e estratégias, se abre os debates sobre a Rede, buscando impulsionar novos projetos de práticas autogestionárias. No mesmo dia, o “Direito a Cidade” ganhou a atenção dos estudantes e professores. A contradição foi posta sobre a formação das cidades a partir da economia capitalista. O lado menos visibilizado da reorganização permanente do capital é a expulsão das populações pobres das áreas centrais das cidades, a concentração e transferência dos recursos públicos para o âmbito privado, assim como outras privações, que são elementos que renovam permanentemente o conflito urbano.


Utilizando-nos da metodologia da educação popular, questionamos e as diferenças entre bairros ricos e pobres. Alguns elementos emergiram deste debate compõem o quadro das manifestações públicas no país, tais como a qualidade e agilidade dos serviços prestados; a concentração dos equipamentos de cultura e lazer; segurança, saneamento básico, mobilidade urbana presentes; insegurança falta de instrumentos públicos; morosidade do poder publico em garantir direitos; infraestrutura precária, saneamento básico.

Na sexta feira à noite visitamos o Instituto de Permacultura da Pampa – IPEP, um referencial no Brasil em tecnologias sustentáveis na ótica da ecologia. Durante a conversa com o João Rocket, coordenador e gestor do IPEP, tivemos uma breve noção do funcionamento das políticas na cidade de Bagé, assim como das dificuldades encontradas em ampliar as práticas da permacultura em obras publicas. Também foi apresentada de forma breve através de relatos a experiência do Utopia e Luta, o projeto da Rede.

O sábado foi nosso ultimo dia na cidade. Confraternizamos, em um almoço, com estudantes afinados com as ideias de autogestão e autonomia. Encaminhou-se uma visita das turmas ao Assentamento Urbano Utopia e Luta, que se realizará em outubro deste ano.

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