quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Começa implantação da Rede de comunidades autogestionárias

RELATO: COOPSUL – VISITA À CANDIOTA

Porto Alegre, 14 de agosto de 2013

No dia 12 de agosto de 2013, uma delegação da COOPSUL esteve no município de Candiota a convite do Prefeito da cidade. A visita é resultado do início da implantação do projeto Rede de comunidades autogestionárias, apresentado dia 20 de julho, em Porto Alegre.

 
Fonte: Estudo de aerossóis atmosféricos e aplicação de modelos numéricos (BRAGA, C. et al).

O projeto, que visa construir territórios de poder popular e romper com a dependência econômica, adota a estratégia de construir 100 casas em cada um dos 10 municípios num corredor da capital gaúcha até a fronteira com o Uruguai.

Candiota possui pouco menos de 10 mil habitantes e tem déficit de 1300 unidades habitacionais. Emancipado de Pinheiro Machado em 1992, sua base econômica é a termoenergia. Apesar da tradicional agropecuária, a cidade desenvolveu-se em torno da Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica – Eletrobras CGTEE, a partir do complexo termelétrico de Candiota: Usina Termelétrica Presidente Médici (1961), Companhia Rio Grandense de Mineração (CRM, 1969) e a Cimpor – Cimentos de Portugal, SGPS, AS (entre os dez maiores grupos cimenteiros do mercado mundial). Juntas empregam, numericamente, quase metade da população da cidade (5 mil pessoas).

 
 
A cidade tem 32 assentamentos do MST. Mesmo assim não consegue ainda suprir a demanda de alimentação da rede municipal de escolas, com apenas 815 estudantes. Num dos locais de assentamento, o Seival, é explorada uma mina de carvão numa parceria entre a turbulenta MPX, de Eike Batista (com 70% do empreendimento), e a Copelmi (com 30%).

Constatamos que, mais além da dependência econômica e da significação absolutamente positiva da indústria no município, há muitas possibilidades de trabalho.

Nossa visita, de apenas um dia, dividiu-se assim:

Chegamos as 10h e fomos direto para uma reunião com assistentes do CRAS, com as quais conversamos sobre possíveis maneiras de construirmos um grupo de perfil autogestionário e entender quem seriam estas pessoas e grupos imediatamente acessíveis. Tivemos, assim, um relato prévio sobre os grupos de economia solidária e tipos de trabalho cooperativado já existentes no município.

 
 
Logo após o almoço, reunimos com algumas das Secretarias de governo e movimento quilombola para apresentar o projeto. A receptividade foi muito boa. Na ocasião foi possível levantarmos algumas das potencialidades de trabalho cooperativo pouco desenvolvidas, como alimentação, cerâmica, cadeia de extração da lã, corte e costura, entre outras, com as quais poderemos contar na reorganização de algumas comunidades. Todos o secretários reiteraram o apoio da Prefeitura ao projeto e o representante de quilombo convidou para uma atividade do movimento no dia 20 de agosto.

 
 
Logo após, partimos para conhecer algumas possibilidades de terrenos possíveis para a implantação de território a partir da construção de 100 casas. Um dos terrenos é junto com 207 casas de um empreendimento da própria prefeitura. O segundo terreno foi o que realmente nos impactou. Com inúmeras possibilidades de ocupação e composições entre moradia e produção. São três hectares de possibilidades (e beleza).

Fundos do terreno sobre o platô

Lateral leste: o açude faz parte do terreno

No fim da tarde nos reunimos com algumas das pessoas e grupos indicados pela assistência social como as possíveis de serem trabalhadas neste momento. Participaram aproximadamente 30 pessoas no total. Apresentamos o projeto simplificadamente e pedimos para ouvi-los.
 

Amplamente aceito depois de algumas dificuldades de compreensão, todos os que estavam presentes aderiram ao núcleo da COOPSUL em Candiota: trabalhadoras desempregadas (padeira, cozinheira, costureira, assentadas do MST), jovens de ambos os sexos e famílias, até mesmo os que já tem moradia própria e se disponibilizaram a iniciar o trabalho imediatamente. Marcaram uma reunião para a próxima segunda-feira, dia 19, para começarem a organizar o núcleo. Dentro de aproximadamente duas semanas estaremos novamente reunidos com eles. 

Na próxima semana, entre 19 e 24, estaremos em Bagé e na semana seguinte em Turuçu, e logo aos em São Gabriel, fazendo o mesmo trabalho.

Fotos: Felipe Drago

Um comentário:

  1. Muito legal!
    Obrigado por compartilhar as informações nesta notícia.
    Parece um ótimo começo para a implantação da rede.
    Um abraço,
    Claudio Reis

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